Final do Brasileirão

Jessica Voigt
2 min readDec 9, 2016

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Uma partida de futebol, final do Campeonato Brasileiro.
Juiz dá o apito, jogo se inicia acirrado nos primeiros vinte minutos do primeiro tempo. Lá pelas tantas, Cléderson ou Hudson enfia as travas da chuteira na coxa de Cléberson ou Anderson, o juiz nada faz. Em compensação, quando Vanderson (do time de Cléberson) numa divisão de bola legal acaba por derrubar o rival Edson, o juiz aponta cartão vermelho.
Galvão Bueno nada diz, Arnaldo Cezar Coelho acha a decisão ambígua, mas pode ter sido um erro da arbitragem.
O time com um a menos se assusta, mas não fica na retranca. Agressivo, parte pra cima e tem mais dois expulsos. Aos 40 do primeiro tempo um escândalo: Joelson está sob efeito dos anabolizantes, Vanílson joga com uma perna de pau, a torcida grita furiosa e se ataca entre sí. Casagrande reclama “desse jeito não dá, o Brasil não merece o mesmo lugar no futebol que Alemanha ou Inglaterra”.
Começo do segundo tempo, os jogadores voltam a campo e em protesto passam a jogar com os calções na cabeça. “Pode isso, Arnaldo?” , “A regra é clara, Galvão, mas não há regra pra isso!” . Zé Maria dá uma cabeçada em Ronaldinho Amazonense: os dois times se revoltam! Não são nem 25 do segundo tempo e o treinador Zika entra em campo armado com a perna de Vanílson e passa a espancar o goleiro do próprio time. O bandeirinha se empolga e ajuda o treinador com chicotes de apito. A torcida inflama e passa a apontar os fogos para dentro de campo, um manifestante nú corre entre os zagueiros. A PM é acionada e começa a bater só de um lado da torcida.
Galvão, a plenos pulmões, indaga “ MAS PODE ISSO, ARNALDO? PODE ISSO?” , Arnaldo não sabe o que dizer. Casagrande finge um desmaio.

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Jessica Voigt

Brazilian data and political scientist. Research Assistant at Donau Universität Krems. Former German Chancellor Fellow at Alexander von Humboldt Stiftung